Em empresas que tem um setor de pesquisa, desenvolvimento, engenharia e manufatura, decidir entre fazer dentro de casa ou contratar um fornecedor é daquelas escolhas que parecem que vai ser impossível de decidir, mas quase sempre determinam velocidade, custo e competitividade pelos próximos anos da empresa. Na 4C, a gente vê isso no dia a dia, projetos que deslancham porque a empresa concentrou energia no que é essencial, e projetos que travam porque não optam pelo apoio externo ou já tiverem experiencias ruins, e isto cobrou seu preço ao usar recursos super treinados e que conhecem dos detalhes do negócio, mas que estão fazendo atividades operacionais. A pergunta central, portanto, não é “quanto custa na nota fiscal?”, mas “qual é o custo total dessa escolha ao longo do ciclo de vida dos produtos?”. É aqui que mora a diferença entre economia real e despesas mal alocadas.

Em contextos de demanda variável, o ganho é ainda mais claro: pagar capacidade ociosa dentro de casa dói no caixa; já um bom fornecedor absorve picos sem exigir que você carregue esse custo fixo o ano inteiro. E quando a tecnologia é madura e estável, você também foge do risco de ver equipe e competências sub utilizadas.
Sob a ótica prática, a decisão melhora muito quando seguimos um roteiro simples. Primeiro, é preciso esclarecer o que está em jogo, qual peça, qual processo, qual o motivo (custo, prazo, capacidade, qualidade) e quais os requisitos e interfaces. Sem esse mapa, todo orçamento vira um chute. Em seguida, vale estruturar a análise em duas frentes: uma para “fazer”, outro para “contratar”, usando as mesmas categorias de análise e sempre com cenários (pessimista, base, otimista). Ir ao mercado com um RFQ claro, avaliar capacidade real do fornecedor, exigir dados de qualidade e prazos históricos e rodar um piloto são a boa prática.
Contrato, aqui, é ferramenta para dar previsibilidade. Sem SLAs objetivos (qualidade, entrega no prazo, tempo de resposta a desvios e a mudanças de engenharia), KPI mensurável e dados compartilhados, o contrato vira papel. Em muitos casos, indexar preço a insumos com fórmula transparente evita discussão mensal/anual de reajuste. Cláusulas de IP precisam ser explícitas, propriedade, sigilo, limites de uso, proibição de engenharia reversa, e o direito de auditoria tem de existir pelo menos para eventos críticos.
Há ainda alguns pontos que mudam o jogo e valem atenção especial. Modularidade It is interfaces bem definidas tornam a terceirização mais segura porque reduzem atrito e ambiguidade. A curva de aprendizado pode justificar uma estratégia em fases: fazer internamente no começo, até estabilizar o projeto e capturar know-how, para comprar depois com mais segurança. A experiência em projetos da 4C reforça que a decisão certa raramente é “tudo fora” ou “tudo dentro”. O que funciona é combinar números, riscos e estratégia.

Decidir bem não é buscar o menor preço hoje. É preservar a capacidade de entregar amanhã. Quando você mede o que importa, governa o que importa e aprende no caminho, a resposta “make or buy” costuma aparecer com nitidez e, muitas vezes, ela não é a que parecia mais barata na primeira linha da planilha.


